Como venci o câncer de mama.
Em homenagem a campanha do Outubro Rosa, trouxemos uma pessoa muito especial para dividir com a gente como foi descobrir o câncer de mama, tratar e se curar dessa doença que afeta 1 em cada 15 mulheres brasileiras. Com a palavra, a minha mãe, Clarice:
Como todos os anos, em Abril de 2015 lá fui eu fazer os exames de rotina pedidos pela minha ginecologista. Marquei com uma médica específica, indicada por uma amiga, que, segundo ela, era a melhor radiologista da clínica.
Como sempre, fui apenas para “cumprir tabela” afinal, na minha família nunca houve um único caso de câncer. Nem meus avós, nem meus pais ou tios. Então era óbvio que eu nunca teria um câncer.
Comecei pela mamografia e quem já fez sabe que não é lá muito agradável. Aperta daqui, amassa dali, enfim, acabou e me mandaram para a eco de mama com a tal doutora.
Ela começou o exame e, o que era para ser rápido, começou a ficar demorado. Achei que ela era realmente muito competente porque ficou ali insistindo, como se procurasse alguma coisa. Depois de muito procurar, pediu que eu refizesse a mamografia. A essa altura eu já estava um pouco irritada com o perfeccionismo da médica. Lá fui eu refazer a mamografia. Na volta ela me disse a temida frase: “Encontrei um nódulo de 1,8mm que não aparecia nos exames anteriores. Não quero te assustar, mas acho que você deveria marcar uma biópsia o mais rápido possível”.
Na hora eu pensei: ela afinal não é tão boa assim, como foi achar um nódulo logo em mim, que não vou ter câncer nunca?
Saí de lá meio que sem saber pra onde eu ia. Liguei para uma amiga que mora perto de onde eu estava e perguntei se ela tinha tempo para um café. Ela não tinha, estava ocupada.
Fui indo pra casa meio que sem acreditar, mas com uma pontinha de medo de que aquilo pudesse ser verdade.
Contei pra minha irmã. Tomei coragem e contei pro meu marido.
Dali pra frente foi uma roda viva. Ginecologista, mastologista, outro mastologista, outro e outro. Todos disseram a mesma coisa. Era um câncer e que eu precisava começar o tratamento o mais rápido possível. Uns diziam que eu deveria começar pela quimioterapia, outros que deveria fazer primeiro a cirurgia. De tudo o que me falaram apenas a frase do primeiro mastologista ficou na minha cabeça durante todo o tempo: “Você não vai morrer disso, vai se tratar e vai ficar curada”. Era só nisso que eu queria pensar. As pessoas diziam: você é guerreira, vai vencer.
Que guerreira, que nada! Ou a gente vai à luta ou a segunda opção é aquela que ninguém quer, né.
Depois de muitas conversas com os médicos e com a minha família decidi por fazer primeiro a cirurgia. Não precisei tirar toda a mama, fiz a cirurgia em que é preservada a mama e é retirado apenas ¼ da mama. Felizmente minha recuperação foi ótima. A etapa seguinte foi a quimioterapia. Dessa eu tive muito medo.
Minha primeira pergunta para a oncologista foi se eu iria ficar careca. A resposta eu já sabia mas, mesmo assim, fiquei triste ao ouvir que ficaria.
Fiz minha primeira sessão e me senti tão normal que achei que tudo o que falavam era mentira, mas no segundo pro terceiro dia vieram as náuseas, o mal estar, as tonturas e outras coisinhas que eu já nem lembro, mas é tudo passageiro e a gente volta ao normal.
Na segunda sessão o cabelo cai, a sobrancelha cai, os cílios caem e todos os pelos do corpo também. A gente fica “com cara de minhoca” como disse a moça que escreve o blog “Quimioterapia e Beleza”. Um dia eu me achava com cara de minhoca, no outro com cara de coruja, porque os meus olhos ficaram fundos e as olheiras ficaram muito feias.
Fui à caça da peruca perfeita, com a ajuda das minhas filhas e das minhas amigas, depois de algum tempo procurando, enfim achei. Ficou ótima, quem não sabia que eu estava doente elogiava o meu cabelo, acreditam?
O tempo vai passando e a gente vai sentindo os efeitos da tal quimio. Pensava todo o dia, quando me olhava no espelho, na frase do primeiro médico: eu não vou morrer disso, vou me tratar e me curar!
E tudo passa, essa é a verdade! Ter câncer é ruim, o tratamento não é mole, mas graças a Deus existe o tratamento e eu queria, e quero muito, viver!
A família é muito importante no tratamento. Não tenho palavras para agradecer ao meu marido e às minhas filhas. Eu fui amada e mimada durante todo o tempo. Eles tiveram muita paciência. E os amigos também, a gente recebe carinho de quem às vezes a gente nem espera, e quando vem é muito bom!
A equipe médica é mega importante e eu agradeço todos os dias por ter optado por eles. Dr. Cícero Urban, mastologista e cirurgião com especialidade em reconstrução mamária. Dra. Debora Gagliato Jardim, oncologista, especialista em mama. Assino embaixo do trabalho desses dois, recomendo muito porque além de serem excelentes profissionais são seres humanos incríveis!
No dia 30 de dezembro, meu cabelo estava começando a crescer, dei adeus às perucas e lenços, assumi meu cabelo curtíssimo e fui ser feliz!
E é isso que eu digo a vocês, principalmente àquelas que estão passando por essa situação:
Primeiro: Tudo passa! A gente aguenta e depois até esquece o que passou.
Segundo: Não deixem de fazer os exames de rotina! Eles valem a nossa vida! E não esqueçam de fazer o auto-exame também.
A espiritualidade na vida e principalmente durante a doença ajuda a deixar o fardo mais leve. Agradeço a Deus e a Nossa Senhora pela benção da cura e a chance de continuar vivendo. A fé faz milagres. Então tenham fé, SEMPRE.
Beijos e feliz Outubro Rosa!
– Clarice Ressetti Volpi
Sou muito suspeita pra falar, mas a minha mãe arrasa! Me enche de orgulho ver como ela enfrentou tudo de cabeça erguida e hoje está aí, 100%! Me inspiro todos os dias em você mãe, e se eu tiver metade da sua coragem já estarei muito realizada.
Aproveito essa oportunidade para divulgar um projeto muito bacana, o Instituto Humsol em parceria com a FEMAMA busca reduzir os índices de mortalidade por câncer de mama no Brasil. Por meio de oficinas, palestras e eventos, o Instituto quer levar informação e conscientização da importância do diagnóstico precoce.
Nesta sexta-feira 21/10, a ONG está organizando um Jantar Dançante com desfile de mulheres que venceram o câncer de mama. O objetivo do evento é arrecadar fundos para continuar com os trabalhos de assistencialismo em todo o Estado. O instituto tem diversos projetos focados no bem-estar das mulheres que estão lutando contra a doença. No projeto Esquadrão da Auto Estima por exemplo, as voluntárias arrecadam lenços e confeccionam perucas!
Não é demais? Para comprar o ingresso do jantar é só clicar aqui. Faça a sua parte!
Vamos dar as mãos e ajudar quem mais precisa.
Espero que tenham gostado da história da Clarice e do projeto Humsol! Se você também já passou por isso, conta pra gente nos comentários.
Um beijo com lacinho rosa e muito carinho,
– GV